08 Ester Manas: sobre diversidade de corpos e amor-próprio

Ester Manas: sobre diversidade de corpos e amor-próprio

Moda

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Com criações glamorosas de tamanho único e capazes de enaltecer qualquer tipo físico, Ester Manas e Balthazar Delepierre, fundadores da marca Ester Manas, celebram a diversidade dos corpos e defendem a inclusão e o amor-próprio.

Uma nova e engajada geração de estilistas surgiu em Paris nos últimos anos. Dessa maneira, a capital histórica da moda e do luxo pôde, mais uma vez, reivindicar o status de epicentro da criação de moda. São nomes como Marine Serre, pioneira do upcycling, depois Rushemy Botter e Lisi Herrebrugh, com a marca sustentável Botter, ou Ludovic de Saint Sernin, que se destaca pelo estilo andrógino sensual na fronteira dos gêneros. Ester Manas e Balthazar Delepierre também fazem parte desse novo despertar. Com a marca Ester Manas, a dupla celebra a diversidade dos corpos femininos por meio de uma coleção de roupas glamorosas e lúdicas, disponíveis em tamanho único e destinadas a todos os biotipos.

 

Enquanto seus desfiles trazem uma verdadeira pluralidade de tipos físicos e uma quantidade de modelos plus size muito superior à de outras marcas, Ester Manas reúne uma grande comunidade de mulheres, na França, Inglaterra e Estados Unidos, que orgulhosamente reivindicam suas formas ao usarem as ousadas criações. “Nossas clientes fazem de nossos vestidos um statement”, explica Ester Manas. “Inicialmente, não tínhamos certeza se venderíamos essas roupas, que continuam sendo caras e extravagantes, então oferecemos bonés e camisetas mais acessíveis. Na verdade, nunca vendemos um único acessório desses.”

 

Formados na escola de artes visuais de La Cambre, em Bruxelas, na Bélgica (ela, em design gráfico, depois em design de moda; ele, em tipografia), Ester Manas e Balthazar Delepierre iniciaram sua revolução em 2018, quando levaram o prêmio Galeries Lafayette no Festival Internacional de Moda, Fotografia e Acessórios de Hyères com a coleção Big Again. “Inicialmente, não se tratava de uma coleção inclusiva, mas de uma coleção plus size, criada para levantar as questões das mulheres gordas. Por fim, fizemos um desfile com meninas de diferentes biotipos, porque queríamos apresentar a nossa visão com esse espírito inclusivo”, explica Ester Manas. 

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Foto: Ester Manas

No momento em que a moda ainda enfrenta falta de representatividade, a marca com sede em Bruxelas não tem problemas ao convencer um setor para o qual ela oferece uma solução providencial. Depois de algumas temporadas, constrangida por dificuldades de produção, a dupla semifinalista do prêmio LVMH 2020 e finalista do prêmio ANDAM Pierre Bergé 2021 aproveitou o lockdown para repensar as coleções. Com seu primeiro desfile em Paris, apresentado em outubro de 2021 para a temporada de verão 2022, Ester Manas e Balthazar Delepierre transformaram a primeira tentativa em um golpe de mestre. Fiéis ao conceito de tamanho único, revelaram vestidos, tops e saias vazados e rendilhados de absurda sensualidade, concebidos com 80% de materiais de fim de estoque. As criações se ajustam e se adaptam a cada corpo graças a engenhosos sistemas emprestados da lingerie, como franzidos, colchetes e cordões. “O diálogo que mantemos com as nossas modelos e clientes é a pedra angular da marca. O que cada pessoa quer mostrar de seu corpo é algo subjetivo e pessoal, e não nos permitiríamos impor coisa alguma. Somos criadores a serviço delas”, diz Delepierre. A cada temporada, Ester Manas dissemina assim, com humor e gentileza, sua visão inclusiva da feminilidade. Essa filosofia também permeia as colaborações, como a iniciada com a AZ Factory, grife fundada pelo grande estilista Alber Elbaz, morto em 2021, e que compartilhava da mesma abordagem lúdica para a moda e do desejo de libertar as mulheres. Para o verão 2023, foi lançada uma colaboração com a Ganni, grife dinamarquesa eco-responsável, também defendendo os valores de respeito e engajamento defendidos por Ester Manas.